Conduzir alunos para as letras, tornando-as vivas é de uma gratificação imensurável. Vê-los caminhar pelos corredores da escola rumo a porta da biblioteca e percebê-los adentrando cavernas de maravilhas é a recompensa para qualquer cansaço. Nem importa que este passeio seja apenas para distrair o tédio de alguma aula: buscarão um livro e o terão em suas mãos, uma percepção simplesmente mágica. E se a leitura for em tela digital? Sem preconceitos as letras dançarão, se unirão e formarão significados. Tudo vale para o encantamento da leitura.
Mas, quando desvendei o mundo da palavra escrita? Lembro-me de, criança, antes da alfabetização, um enorme e antigo livro de Pinocchio, em italiano, capa de couro azul, habitando minha casa. Acho que a lembrança mais antiga que tenho é de ver-me, menininha, a folheá-lo, ainda sem saber unir e dar significados às letras. Depois, já dominando a leitura, vejo-me em casa de minha madrinha, Teresinha, abrindo os almanaques de Tio Patinhas que ela comprava para a filha Rosana. Estão lá a descoberta dos deuses do Olimpo, de Eldorado e o tesouro dos Maias, tantas coisas que, vindas dos gibis, me conduziram às enciclopédias.
Na adolescência chegaram Khalil Gibran, Hermann Hesse, Kafka, Dostoievski, Pessoa, Graciliano Ramos, Vinicius, Drummond e as primeiras tentativas frustradas de Camões, Homero e Virgílio que o amadurecimento literário veio aos poucos
desvendar.
De lá em diante, muitos dividiram comigo a cama e a vigília do sono, de Machado à Clarice, das histórias de cavalaria aos textos surrealistas. Permaneceram para sempre Kafka, Borges, Calvino, Saramago, Guimarães, Lorca, Neruda e poetas e mais poetas... As paredes de minha sala estão forradas por mundos fantásticos em papel!
Vitória Paterna
Mas, quando desvendei o mundo da palavra escrita? Lembro-me de, criança, antes da alfabetização, um enorme e antigo livro de Pinocchio, em italiano, capa de couro azul, habitando minha casa. Acho que a lembrança mais antiga que tenho é de ver-me, menininha, a folheá-lo, ainda sem saber unir e dar significados às letras. Depois, já dominando a leitura, vejo-me em casa de minha madrinha, Teresinha, abrindo os almanaques de Tio Patinhas que ela comprava para a filha Rosana. Estão lá a descoberta dos deuses do Olimpo, de Eldorado e o tesouro dos Maias, tantas coisas que, vindas dos gibis, me conduziram às enciclopédias.
Na adolescência chegaram Khalil Gibran, Hermann Hesse, Kafka, Dostoievski, Pessoa, Graciliano Ramos, Vinicius, Drummond e as primeiras tentativas frustradas de Camões, Homero e Virgílio que o amadurecimento literário veio aos poucos
desvendar.
De lá em diante, muitos dividiram comigo a cama e a vigília do sono, de Machado à Clarice, das histórias de cavalaria aos textos surrealistas. Permaneceram para sempre Kafka, Borges, Calvino, Saramago, Guimarães, Lorca, Neruda e poetas e mais poetas... As paredes de minha sala estão forradas por mundos fantásticos em papel!
Vitória Paterna
A descoberta da leitura pela criança é
uma coisa maravilhosa. Quando acompanhamos essa descoberta com nossos filhos
que, ao sair de carro pela cidade, ficam curiosos com as placas e letreiros
durante o caminho, tentando juntar as letrinhas para formar a palavra, este é
um momento mágico na vida de cada pessoa: a descoberta de que se pode viajar
pelo mundo das letras.
Ana Maria Soares da Silva de Morais